quarta-feira, 20 de julho de 2011

Once Caldas e as Chuteiras Vermelhas

Dê uma pausa no CD Dark Side of the Moon , da banda inglesa Pink Floyd, logo após apertar o play. Em seguida, coloque em seu dvd, a versão clássica do filme O Mágico de Oz e, no terceiro rugido do leão da MGM, solte o botão da pausa do CD.
A sincronia é perfeita. Dorothy foge da casa ao som de “No are told you when to run” [Ninguém lhe disse quando deveria fugir]. A música The Great Gig in the Sky, apresenta uma sincronia impressionante com toda a sequencia do tornado do filme. São várias as coincidências. A última delas, Dorothy e o Espantalho estão ouvindo o barulho no peito do Homem de Lata , no mesmo instante que se ouve o batimento cardíaco que finaliza o CD do Pink Floyd.
Sincronias, coincidências ou como prefiro chamar: encontro de inconscientes.
Durante a trajetória colorada nesta Libertadores da América, foram inúmeras coincidências com o nosso primeiro título.
Se não vejamos.
No ano passado, fomos vice-campeões brasileiros, a mesma colocação  do ano de 2005 .
Igualmente, no ano que passou, fomos vice-campeões de um título nacional para o Corinthians (Copa do Brasil), como em 2005(Campeonato Brasileiro).
Em 2010, perdemos o Campeonato Regional em dois Gre-Nais para nosso arquirrival, da mesma forma que ocorreu em 2006.
Este ano, foi ano de Copa do Mundo. A Seleção do Brasil foi eliminada nas oitavas de final por uma Seleção Européia, que acabou sendo vice-campeã mundial, como aconteceu em 2006.
Em 2006 também, durante a disputa das semi-finais da Libertadores, jogou-se um Gre-Nal pelo Campeonato Brasileiro. Aquele do Gigante aceso, dos banheiros queimados, lembram? Tanto em 2006, como agora em 2010 o placar foi o mesmo 0 x 0.
Tanto lá em 2006, como neste corrente ano, contratamos um treinador que jamais havia ganho algum título importante. Em 2006, Abel Braga. Em 2010, o contestado Celso Roth.
E para finalizar, a expulsão de Paulo César Tinga em um jogo decisivo contra o São Paulo. Ou posso lembrar também, a vitória pelo escore de 2 x 1 no primeiro jogo da final, fora de casa, como em 2006. Ou, ainda, o predestinado Rafael Sóbis fazendo gols nas finais dos dois títulos continentais.
Amigos, como naquele 16 de agosto de 2006, nosso Templo Colorado estava repleto de seguidores.O Gigante pulsava em uma batida única. Desde a entrada de nossos heróis no gramado, até o apito final de Oscar Ruiz, as arquibancadas de nosso Arena ferviam incessantemente, conclamando o grito dos fiéis vermelhos.
Dentro da nossa Pasárgada alvirrubra, em uma sincronia só comparada a guitarra de David Gilmour, com o baixo de Roger Waters, a pelota passa pelas chuteiras de rubi de D’Alessandro, encontra os pés de Paulo César Tinga, que na faixa esquerda do gramado vislumbra o habilidoso lateral Kleber. Em um toque genial, a pelota é cruzada rasante em direção a grande área. Tinga tenta concluir. Não alcança. Naquele rápido instante, em um leve exercicio de visão, se observa na tentativa do gol, várias chuteiras vermelhas de nossos antigos heróis, que perpetuaram inúmeras conquistas coloradas naquele mesmo gramado. Atrás delas, Rafael Sóbis. Nosso predestinado atacante, com as travas de seu sapato de rubi, empurra a pelota com precisão para as redes do arqueiro mexicano.
E o relógio floydiano finalmente despertou. O Gigante rugiu. Ouviu-se um grande grito dos céus.
Correndo tal e qual o coelho de Waters e Gilmour, respirando e inspirando o ar da atmosfera vermelho e branco, o menino Leandro Damião, recém saído do banco de suplentes, deixou para trás dois marcadores mexicanos, e em um petardo certeiro conseguiu ver, sentir e tocar a linda taça da Copa Libertadores da América.
No terceiro rugido do leão, o mágico Giuliano, deixou dois adversários caídos e esparramados, na saída do arqueiro, em um toque genial, fez com que a pelota beijasse as redes do gol, colocando ponto final no embate, espantando por derradeiro a bruxa mexicana e de quebra coloriu por completo a festa em branco e rubro.
Na cidade das esmeraldas, no mundo mágico colorado, o troféu de nossa conquista é entregue ao nosso Capitão pelas mãos negras e majestosas do Rei do Futebol.  A taça é tocada e erguida aos céus, sobre o delírio do povo vermelho e em meio as lágrimas do cizudo Homem de Lata colorado. Entoando os cânticos da Guarda Popular, nossos heróis cantaram e dançaram como lunáticos sobre o gramado, em uma felicidade incontida, que durou até os primeiros raios de sol do amanhecer alvirrubro.
Caros amigos, outro dia, depois de algum tempo, reencontrei por acaso a Musa Rubra: a Musa Colorada de 2008, Alessandra Pinho.  Logo depois, cheguei em casa e dei uma olhada no poema que fiz para a doce e apaixonante, Dorothy colorada. Para minha surpresa, naquele dia do reencontro estavam fazendo exatamente dois anos da criação da minha poesia. Coincidência ? Acaso?
Once Caldas é um clube de futebol colombiano. Conquistou a Taça Libertadores da América no início da década. Depois disto, sumiu, desapareceu, nunca mais se ouviu falar. A comparação deles, colombianos, com nós, colorados e a flauta incansável de nossos rivais, ainda eram inevitáveis. Mas, enfim, desta coincidência, agora, estamos definitivamente livres.
O Bi-Campeonato da América nos tranqüilizou.
E Floyd explicou.

Márcio Mór Giongo, em 25 de agosto de 2010.




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