quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Amante da Bola

A bola é lançada em direção a D’ Alessandro. O argentino rubro estufa o peito, acaricia e bola e com sua majestosa perna esquerda, efetua um passe de quase gol, alternando em um único movimento emoção e razão.
Assim é D’Alessandro. Desde os seus primeiros passos como jogador de futebol na Argentina, à chegada em 2008 ao Internacional, o hermano vem desmontando defesas atazanadas, com seus dribles desconcertantes, suas fintas surreais e seus passes magistrais.
D’Alessandro brinca com a bola. D’Alessandro ama a bola. D’Alessandro acaricia a bola com a delicadeza e o afeto de um homem perdidamente apaixonado. Como já dizia o mestre Armando Nogueira: “Louvado é o homem que faz da bola parceira e cúmplice de seu próprio destino”.
D’Alessandro descobre brilhos e cintilações em astros resplandescentes, dentro de um campo de futebol. Dos pés que regem uma orquestra sinfônica inteira ou dos pés sinuosos que bailam um tango de Gardel, mas que também, desmaculam as redes brancas de um gol adversário.
D’Alessandro é a comprovação, é o vestígio humano e material da existência de um Deus, criador do Universo.
Caros amigos, o argentino colorado passeia e desfila exuberante dentro do gramado, como se existisse um manto imperial invisível, cobrindo todo o seu dorso platino. Com a sabedoria de um Rei, D’Alessandro inventa, reinventa, articula e organiza o esquadrão rubro.
D’Alessandro, com toda certeza não amou em sua vida, mil Cleópatras. Nem tão pouco, chegará perto da marca histórica dos mil gols do Rei Pelé. Mas D’Alessandro em seu destino real, é fiel ao seu único e verdadeiro grande amor: a bola.
E que combinação fantástica este triângulo: D’Alessandro, bola e clássico Gre-Nal.
E na tarde ensolarada do último domingo, não vimos nada de diferente. Quando tudo se encaminhava para uma vitória tricolor, eis que nosso predestinado camisa 10, em um giro espetacular, encontrou o canto esquerdo da meta adversária, com a simplicidade sublime de um poeta, que declama sua paixão á mulher amada.
Amigos, eis a verdade: o pobre arqueiro tricolor, atual integrante do selecionado nacional, já perdeu as contas do número de vezes que foi obrigado a buscar o amor de D’Alessandro, no fundo das suas redes, em clássicos Gre-Nais.
Este é Andres D’Alessandro, “El Hombre Gre-Nal”, em seus dons e gols geniais.
D’Alessandro. Seu nome ainda ecoa pelos quatro cantos do Universo. Ventila, sobrevoa, passeia pela voz sutil e vibrante de seu povo: “D’Alessandro, e da-le, D’Alessandro”!

Márcio Mór Giongo, em 27 de outubro de 2010.


* Este texto foi publicado na XLVI Coletanea da Casa do Poeta Rio Grandense, em 2011.

 







Um comentário:

  1. Dr. O senhor estava inspirado. Aliás, muito inspirado.
    Agora satisfaça uma curiosidade. O celeiro de ases ganhou este grenal retratado na crônica? Espero que não, mas acho que sim. Abraços do amigo serrando. Um leitor do blog...

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