quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Suspiro do Poeta

A multidão rubra se perfilava sobre as incertezas e dúvidas daquela noite de primavera. As arquibancadas do Gigante, ferviam como o ardor de um corpo totalmente em chamas. No céu as estrelas eram apagadas, pela nebulosa e calorosa recepção de nossos guerreiros. Em meio as nuvens de fumaça, se ouviam gritos de ordem num ritual mágico e fervoroso de onde se podia imaginar uma mão divina, desejando e implorando a linda e cintilante Copa ,exibida pela Sul-Americana. A hora era aquela! A Copa tinha que ser tocada!
A batalha teve inicio. Corações vermelhos pulavam em sincronia, em busca de mais uma conquista. Naquela hora, as estrelas tornaram a brilhar, junto com elas nervos a flor da pele. Tudo perfeito, mas esquecemos que havia do outro lado, um adversário. E eram eles: os argentinos. Tão guerreiros, tão hospitaleiros, tão cativantes! Mas acima de tudo, pós-graduados na arte da catimba! O futebol aguerrido e eficaz dos hermanos tomaram conta do confronto. Em um ritmo alucinante e sinuoso como se fora um tango de Gardel, a pelota foi morrer nas redes brasileiras. Se ouviu alguns cânticos platinos. O Gigante emudeceu-se.
O povo rubro sofria. Unhas eram dilaceradas. Cabelos puxados. Cigarros acesos...e apagados! A pelota se recusava a invadir a meta portenha. Passava por um lado, pelo outro, cruzava a grande área, a pequena área, mas sempre uma cabeça ou uma chuteira de cores platinas se ocupavam em impedir a progressão rubra. Naquele dado momento, a Copa Sul-Americana estava cada vez mais distante, das margens do Guaíba.
Escanteio. D'Alessandro cobra. A pelota viaja num passeio interestrelar. Lentamente e levemente inicia o processo de aterrissagem. Os cintos estão apertados. A cabeça é de Danny Moraes. Lembrei o Capitão dos Andes.O arco é o mesmo. O cumprimento é feito! O guarda-metas platino inacreditavelmente defende! Gustavo Nery tenta de novo! Agora vai!! Não foi...o arqueiro argentino defende outra vez!! A pelota está ali...parada...incólume...estagnada...a espera de um verso poético. O Gigante pulsa! O Gigante respira!! Em um suspiro poético, Nilmar empurra  a pelota ,com o bico da chuteira, inapelavelmente, para as redes platinas e declama a plenos pulmões, o amor vermelho para o seu povo! O Gigante trepida! O Gigante ferve! O Gigante abraça o jovem guerreiro!


A Copa mais uma vez é tocada, mais uma vez é erguida...mais uma vez é alcançada!!!

 

Márcio Mór Giongo, em 23 de dezembro de 2008.




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