quarta-feira, 20 de julho de 2011

Contos em Branco

A cidade acordou de branco. O branco de Yokohama, o branco de Dubai, o branco agora de Porto Alegre.A capa do periódico traz a foto estampada de nosso Capitão, todo de branco.
O torcedor colorado, feliz da vida, comemora o campeonato com uma branquinha na porta do botequim.
O sorriso da moça do café é branco. Como são brancas também, as flores apaixonadas que o rapaz carrega em uma de suas mãos.
As folhas brancas de um diário, convidativas para estas mal traçadas linhas. Ou o papel picotado da nossa Guarda...a Popular.
O álbum branco dos Beatles, a poesia de John , a melodia de Paul...o branco da paz em dons e tons.
A genialidade em branco. O uniforme branco do Rei Pelé. Os cabelos brancos do Einstein, os cabelos brancos do Veríssimo.E os cabelos brancos do Abelão, por que não??? E o que dizer dos dentes brancos do Capitão???
A divindade em branco. As deusas gregas com suas túnicas brancas ou as tenistas russas em suas saias brancas, nos charmosos gramados de Winbledom. A noiva amada entrando na Igreja de vestido branco. O sacerdote celebrando a vida com vestimentas brancas. E o que dizer dos arcanjos e suas asas brancas???
O branco da saúde. Os jalecos brancos. A maleta branca. O comprimido do colesterol...o branco da cura.
O branco dos olhos: os meus e os do Brad Pitt., ou se preferirem os da Dama de Ferro e os da Miss Brasil. O branco da neve...um primeiro amor... Branca de Neve. Os campos congelados , as calçadas e ruas esbranquiçadas... Nova York em branco, ou se preferirem, Arroio Augusta em branco.
O branco da energia, o branco da luz, o branco do leite materno...o branco da vida.
Amigos: nosso escrete entrou mais uma vez no gramado todo de branco. Impiedosamente, balançou oito vezes, eu disse oito vezes, as redes brancas de nosso adversário. Sim, nosso rival da serra encerrou o confronto em brancas nuvens: totalmente desmoralizado e palidamente atordoado.
Eis a verdade, na Pasárgada alvi-rubra nosso escrete não tomou conhecimento de ninguém e foi empilhando um porção de tentos nas costas de nosso opositor.
De novo o branco. O branco das mangas longas de Yokohama, o branco do deserto de Dubai. Falo da mística da camisa branca: os oito gols em uma final, o trigésimo oitavo título regional, os três gols do Capitão e a incomparável humilhação.
Tudo isso amigos, até parece um sonho. E antes que alguém venha me acordar, por favor, me deixe em paz. É que prefiro o tapete branco de minha sala de estar. Afinal, de jeito algum posso perder as contas e muito menos os contos, desta jornada bem mais branca do que rubra.
Em tempo: não, o vinho não era branco não.

Márcio Mór Giongo, em 7 de maio de 2008.



* Este texto foi publicado na Coletanea In Verdades, da Alpas XXI, pela Editora Alternativa, em 2010.






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