quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sorriso Letal

Do outro lado do Atlântico; onde os castelos de Manchester, ainda sorriam para os campos verdes do amanhecer da aurora; fiquei perplexo com o sofrimento de um povo, que não comemorava um titulo a mais de quarenta anos. Muito embora o azul do Manchester City,  ainda ofuscasse meus olhos; olhos esses fixados em frente ao televisor; não me contive em comemorar o segundo tento, anotado por Aguero, já aos 48 minutos do segundo tempo. A decisão do Campeonato Inglês, era para ser em um embate tranquilo, com uma vitória facil. Não foi.
Nas margens do Guaiba , onde o vento ainda sopra com intensidade e espalha sua brisa nos corações do povo rubro, viu-se o sofrimento atravessando a nado, em braçadas largas e ritimadas,  o imenso Oceano Atlântico.
Depois de uma primeira etapa deprimente, em uma melancolia digna de dar inveja a qualquer romancista brasileiro do seculo XIX, o escrete rubro retornou das escadarias do vestiário com um novo semblante, ou melhor, com um novo e entusiasmado argentino. D'Alessandro ditou o ritmo! Driblou. Correu. Parou. Lançou. Retrocedeu. Reclamou quando era necessario reclamar. Enfim, foi D'Alessandro.
Mas, voltando ao descabido sofrimento, por onde andaria naquele instante, o tão sarcástico sofrimento? De inicio, persistia. O sofrimento parecia ainda perambular por ali, vagando feito alma penada. Ou estagnado! A espera de um final nefasto! Antes disso porém, sorriu  nas defesas milagrosas do arqueiro caxiense. Fez pirraça, quando o lateral Nei, efetuou com a perna direita, uma inexitosa cobrança de penalti, nas mãos do goleiro grená. O sofrimento ria, debochava, alardeava felicidade! Fez o coração rubro de gato e sapato, quando em uma cabeçada fulminante do ataque colorado, o arqueiro caxiense, efetuou uma fantástica defesa, bem ao estilo Gordon Banks, na Copa de 70.
Naquele dado momento, era inevitavel de se perceber, o sofrimento escorado na trave grená, aos olhos de todo estádio, soltando gargalhadas em uma prosa animada, com os beques serranos.
Até que finalmente, em uma jogada serena e tranquila, o camisa 24 rubro, Sandro Silva, limpou a retaguarda adversaria e com uma seriedade descomunal, desferiu um petardo indefensável no canto direito do goleiro caxiense, acabando com a algazarra e o deboche alheio.
Mas o sofrimento não perdia por esperar! Ah, não perdia mesmo! Antes de pensar em ensaiar um novo sorriso ou antes mesmo de tentar esboçar qualquer tipo de fanfarra;em uma bola alçada na grande area, Leandro Damião, cumprimentou o goleiro grená, efetuou o segundo tento rubro e colocou definitivamente a mão na taça gaucha, para os sorrisos flamejantes de milhares de colorados que compareceram ao Gigante.
O coração rubro sofreu...como poucas vezes sofreu...sorriu quando tinha de sorrir e vibrou com o quadragésimo primeiro título regional.
Ademais, minha caneta vermelha disse e assina ao povo rubro.

Por Márcio Mór Giongo

Foto: Terra Esportes.

* Este texto faz parte da coletânea Veríssimos, obra publicada pela Editora Alternativa , no ano de 2012.






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